terça-feira, 26 de julho de 2011

Eu poderia voltar a morar ali, se fosse o caso

Eu construí um castelo. Ou um palácio, não sei bem a diferença, nem faço questão de saber. Não era de areia, talvez de palavras. Era confortável. Aconchegante. Servia bem a seu modo. As escadas para a torre principal eram enormes, o que me protegia pseudo-princesa. No meu castelo-palácio não havia apego e portanto eu nunca me machucava. Esta aqui era sua Sala Magna. Ampla de lirismo, pequena de léxico. No meu castelo-palácio tudo era motivo de riso e eu era grande, exuberante, majestosa, majestade. Um pouco piegas, mas muito interessante. E até mesmo imponente: Uma mulher de posse do seu próprio castelo-palácio. Todos se admiravam. Houve quem entrou sem bater na porta, houve quem bateu na porta, entrou e depois foi-se embora. Houve quem ficou de fora das grandiosas festas de entrada franca, por medo do comportamento da anfitriã que... Bem... No caso, era eu. E em um dia feio (porque nem sempre as coisas acontecem em um belo dia) eu me tornei alienada do que era mais fundamental entre as coisas fundamentais, e aos poucos a vida no castelo-palácio ficou tão assustadora quanto a vida do lado de fora e eu fui derrubando as paredes, uma a uma, e convencionei um encontro superlativamente longo (meses!) com um dos príncipes que eu supunha encantado. Fiquei desprotegida do meu castelo-palácio, mas não fazia diferença, já que não me sentia frágil.

Até que hoje...

Frágil como agora.


***

Outro dia emprestei uma frase de Mario Vargas Llosa, lembra? Pois bem. Faltou prever que alguns dias me amanheceriam amargos, como o de hoje. Prato cheio (cheíssimo!) para quem "reaciona" a segunda opção aí embaixo das postagens.
A segunda-feira adormeceu um pouco mais sentimental do que é costume e eu tenho tido vontade de escrever, especialmente nos últimos dias. O que provavelmente não diz coisas muito boas sobre o meu estado de espírito. Estou prestes a soprar dezoito velas e eu não sei exatamente o que isso muda em minha vida. E eu não deveria estar querendo mudar a minha vida outra vez.
Tenho tido vontade de vir aqui pra dizer que o excesso de cafeína está me amarelando os dentes, que os problemas dos outros sufocam minha aparente falta de problemas, que o trabalho não anda lá aquelas coisas, que tenho saudade dos corredores da faculdade nas férias e que os pensamentos precipitados sobre os fins andam consumindo todos os meus meios.
Mas é melhor não dizer nada pra que a vida pareça em ordem. Eu não sei bem, eu não sei bem... Vez ou outra escrever me desafoga, vez em quando termina de me dilacerar.